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HEIDEGGER E A UNIDADE ANALÓGICA SUBJACENTE

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Yuri Fagundes   Visto que a intencionalidade revela o ser do ente, a fenomenologia se tornou, para Heidegger, apenas um método para explorar mais profundamente a questão não resolvida da metafísica sobre a essência ou o sentido do ser, ou seja, sobre a unidade analógica subjacente a todos os diversos modos de ser do ente.  No entanto, dada sua leitura fenomenológica da tradição, Heidegger então reformulou a questão sobre o sentido do ser naquela sobre a essência da correlação fenomenológica, isto é, sobre a unidade analógica subjacente a todos os modos possíveis nos quais os entes podem se fazer presentes e, assim, serem humanamente apropriados.  1. O ponto de partida: a intencionalidade e o problema herdado da metafísica A fenomenologia husserliana havia mostrado que toda consciência é consciência de algo, isto é, toda vivência é intencional. Isso permitiu a Heidegger compreender que o ente só é enquanto aparece em um horizonte de sentido para o Dasein. Assim, a intencio...

HEIDEGGER: A EVOLUÇÃO DA UNIDADE ANALÓGICA DO SER ATÉ O "EREIGNIS"

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Yuri Fagundes 1. Em Ser e Tempo (1927): o ser como sentido articulado pelo Dasein No primeiro Heidegger, a unidade analógica do ser é compreendida a partir da estrutura existencial do Dasein.  A pergunta por “o que é o ser” é reformulada como: “Qual é o sentido do ser, isto é, o que torna possível que o ente se manifeste como ente para nós?” Essa possibilidade está fundada no fato de que o Dasein é ser-no-mundo, isto é, já sempre aberto a um mundo no qual os entes aparecem em diferentes modos de ser. Estrutura dessa unidade: O Dasein é o ente que compreende o ser — o lugar da manifestação. O mundo é o horizonte de significância dentro do qual os entes podem aparecer.  A abertura do Dasein (o “claro”) unifica todos os modos de ser dos entes —   o à mão (Zuhanden), o presente (Vorhanden), o vivente, o outro Dasein, etc. Em outras palavras: A unidade analógica do ser é, aqui, o horizonte de sentido articulado pelo Dasein enquanto abertura ao mundo. O Dasein não cria o s...

Os Sacramentos na Ortodoxia - Parte 6 e 7 (final)

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  7.6 - O Matrimônio O Ministério Trinitário da unidade na diversidade aplica-se não só para a doutrina da Igreja mas também para doutrina do casamento. O homem é feito à imagem da Trindade e exceto em casos especiais, não é intenção de Deus que ele viva sozinho mas em família. E como Deus abençoou a primeira família comandando que Adão e Eva fossem frutíferos e se multiplicassem, assim a Igreja dá hoje a sua benção para a união de homem e mulher. O casamento não é só um estado da natureza mas um estado de graça. Vida de casado, não menos que vida Monástica, é uma vocação especial, requerendo um particular Dom ou Carisma do Espírito Santo; e esse Dom é conferido pelo Sacramento do Santo Matrimônio. O Ofício de Casamento é dividido em duas partes, anteriormente celebradas separadamente, mas agora celebradas em sucessão imediata: preliminarmente o Ofício de Noivado, e o Ofício de Coroação, que se constitui no próprio Sacramento. No Ofício de Noivado constitui-se principalmente da ben...

Os Sacramentos na Ortodoxia - Parte 4 e 5

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  7.4 - A Penitência Uma criança Ortodoxa recebe comunhão desde a infância. Assim que ela tem idade para saber a diferença entre certo e errado e a compreender o que é pecado, provavelmente com a idade de seis ou sete anos, ele deve ser levado para receber outro sacramento: Arrependimento e Penitência, ou Confissão (em Grego, Metanoia ou exomologisis). Através desse sacramento, pecados cometidos depois do Batismo são perdoados e o pecador é reconciliado com a Igreja: Por essa razão esse sacramento é freqüentemente chamado de "Segundo Batismo." Ao mesmo tempo o sacramento age como cura para a alma, porque o padre não dá só absolvição mas também conselho espiritual. Desde que todo pecado é pecado não só contra Deus mas também contra nosso vizinho, contra a comunidade, a confissão e a disciplina penitencial na Igreja dos primeiros tempos, era um assunto público. Mas com o passar dos séculos tanto no oriente quanto no ocidente a confissão no Cristianismo tomou a forma de uma conf...

Parte 3 - Os Sacramentos na Ortodoxia

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7.3 - A Eucaristia Hoje em dia a Eucaristia é celebrada na Igreja Oriental seguindo um de quatro diferentes ofícios: As estruturas gerais das Liturgias de São João Chrisóstomo e São Basílio são como seguem: 1.  A Liturgia de São João Crisóstomo  (A liturgia normal aos Domingos e dias de semana); 2 . A Liturgia de São Basílio, o Grande  (usada dez vezes ao ano; externamente é muito pouco diferente da Liturgia de São João Crisóstomo, mas as orações ditas privadamente pelo Padre são muito mais longas). 3.  A Liturgia de São Tiago, o irmão do Senhor  (usada uma vez no ano, no dia de São Tiago, 23 de outubro, em alguns lugares só. (Até recentemente, usada só em Jerusalém e na Ilha Grega de Zante; agora revivida em mais alguns lugares (por exemplo Igreja Patriarcal em Constantinopla; Catedral Ortodoxa em Londres; Mosteiro Russo em Jordanville, USA). 4.  Liturgia de São Gregório (dos Pré-Santificados , usada nas quartas e sextas feiras na Grande Quaresma, e nos tr...

Os Sacramentos na Ortodoxia - Parte 2

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  7.2 - Crisma Imediatamente após o Batismo , uma criança Ortodoxa é " crismada " ou "confirmada." O padre usa um óleo especial, o Crisma (em Grego, Myron), e com ele o Padre unge várias partes do corpo da criança, marcando-as com o sinal da Cruz: primeiro a testa, depois os olhos, as narinas, boca, orelhas, peito, mãos e pés. Enquanto unge cada parte ele diz: "O selo do dom do Espírito Santo!" A criança que foi incorporada a Cristo pelo Batismo, agora recebe na crisma o Dom do Espírito , tornando-se assim um laikos (leigo), um membro completo do povo (laos) de Deus. Crisma é a extensão do Pentecostes : O mesmo Espírito que desceu visivelmente sobre os Apóstolos em línguas de fogo agora desce invisivelmente sobre os novos batizados. Através do Crisma todo o membro da Igreja torna-se um profeta, e recebe uma parte do sacerdócio real de Cristo; todos os Cristãos, porque são crismados, são chamados a agir como testemunhas conscientes da verdade. "E vós...

O QUE É A COMUNHÃO DOS SANTOS? - parte 8 e final

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  Os vivos e os mortos 5.1 - A Mãe de Deus Em Deus e na Igreja não há divisão entre os vivos e os que partiram, mas todos são um no amor do Pai. Estejamos vivos ou mortos, como membros da Igreja nós ainda pertencemos à mesma família, e ainda temos o dever de carregar o fardo uns dos outros. Assim como os Cristãos Ortodoxos aqui na terra oram uns pelos outros e pedem orações aos outros, eles também pedem pelos fieis que partiram e pedem aos fieis que partiram que orem por eles, A morte não consegue cortar o vínculo de amor mútuo que liga todos os membros da Igreja juntos. Orações pelos que partiram: "Ó Cristo, dá repouso às almas de teus servos, junto com Teus Santos, lá onde não há doenças, nem tristeza, nem gemidos, mas sim vida eterna." Assim a Igreja Ortodoxa ora pelos fiéis falecidos; e de novo: «O Deus dos espíritos e de toda a carne, Que venceste a morte e derrotaste o Diabo, e deste vida ao Teu mundo: dá Tu, o mesmo Senhor, repouso às almas de Teus servos falecidos, no...