Metafísica - DUNS SCOTUS: DISTINÇÃO FORMAL E DISTINÇÃO MODAL



João Duns Escoto (1266-1308), conhecido como o “Doutor Sutil”, desenvolveu conceitos inovadores no campo da metafísica e teologia. Entre esses conceitos, destacam-se a distinção formal e a distinção modal, que visam esclarecer as relações entre os aspectos constitutivos de um ente e resolver problemas filosóficos sobre a individuação e a relação entre essência e existência.


1. Distinção Formal


A distinção formal (distinctio formalis ex natura rei) é uma distinção que ocorre antes do ato mental, mas não implica em separação real. Ela reside na própria realidade das coisas, independentemente de como a mente as concebe.


Características:


Intrínseca à natureza do ente: É uma distinção que se fundamenta na própria essência do objeto.


Aplicação: Utilizada para explicar como diferentes aspectos de uma realidade única podem ser distintos sem serem realmente separados. Por exemplo, em Deus, a essência divina e as Pessoas da Trindade são formalmente distintas. Em um ente criado, como o ser humano, as faculdades de intelecto e vontade também podem ser formalmente distintas, mas inseparáveis.


Exemplo: A humanidade de Cristo e sua divindade são formalmente distintas, pois pertencem a dimensões diferentes de sua natureza única.


Essa distinção é particularmente importante para resolver problemas teológicos sem cair em dualismos ou divisões reais onde não cabem.


2. Distinção Modal


A distinção modal (distinctio modalis) é uma distinção que ocorre entre um sujeito e suas propriedades ou modos de ser. Embora esses modos não possam existir separadamente do sujeito, eles possuem diferenças reais em sua forma de manifestação.


Características:


Dependência do sujeito: Um modo é inseparável da substância ou essência do ente, mas é distintamente concebível.


Aplicação: Explica como diferentes características ou modos de ser podem coexistir em um único ente sem serem idênticos.


Exemplo: A substância divina é a mesma, mas suas propriedades, como a onipotência e a onisciência, são modos distintos de existir dentro da unidade divina.


Comparação entre as duas distinções:


Aspecto: Distinção Formal

Base: Fundada na natureza do ente

Separabilidade: Não são separáveis, mas distinguíveis

Exemplo em Deus: Distinção entre essência e Pessoas.


Aspecto: Distinção Modal

Base: Fundada nos modos de ser do ente

Separabilidade: Não são separáveis, mas distinguíveis.

Exemplo em Deus: Distinção entre atributos divinos


Essas distinções são essenciais para preservar a unidade de certos entes ou conceitos (como Deus ou o ser humano), ao mesmo tempo em que reconhecem a multiplicidade de aspectos ou propriedades que os constituem.


Yuri Fagundes 




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