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Hesicasmo e a obediência da humildade - na prática

 

Gregório, o Sinaíta – Hesicasmo e a obediência da humildade.

“Observar as proporções, e a medida excelente – ensinam os sábios. Não esgotam toda a potência da alma na vida ativa, para não tornar o espírito negligente na oração, e sem ardor para orar. Salmodiam um pouco e dão a melhor parte de seu tempo à oração. Pode acontecer que o espírito, cansado pelo prolongamento de seu grito interior e de sua imobilidade, faça uma pequena pausa e , nos trechos da salmodia, se afrouxe da contração da Hesychia. Essa é a hierarquia ideal e a doutrina dos sábios.

Quando aos que não salmodiam nem um pouco, fazem bem, se estiverem entre os aperfeiçoados. Eles não tem necessidade de salmos, mas de silêncio, de oração ininterrupta e de contemplação, se chegaram a iluminação. Estão unidos à Deus. Não tem que se afastar Dele para lançar seu espírito na dissipação. ‘O obediente cai por conta própria, diz Clímaco, o hesicasta, pela interrupção da oração. Seu espírito separando-se do esposo – a lembrança de Deus – comete como que adultério e se toma de amores por coisas pequenas’.



Não é conveniente ensinar essa conduta a todos, indiferentemente. Aos simples e iletrados, que vivem na obediência, sim, porque a obediência participa de todas as virtudes na humildade. Em contrapartida é melhor não dá-las aos que não vivem na obediência; correriam o risco de se desviar do caminho, quer sejam simples, quer gnósticos. Pois o independente não escapa à presunção que naturalmente acompanha o erro, diz Isaac. Alguns, por não avaliarem as perigosas consequências, ensinam, ao primeiro que aparece, a prática exclusiva desse exercício para instruir o espírito, dizem eles, para praticar e amar a lembrança de Deus. Isso não convém, principalmente quando se trata de idiorrítmicos (monges que vivem à parte no mosteiro, em regime de autonomia). Seu espírito ainda é impuro por causa da negligência e do orgulho. As lágrimas ainda não o purificaram; mais do que a oração ele reflete as imagens más dos pensamentos, quando os espíritos impuros do coração ralham com aquele que os flagela e ameaçam destruí-lo. O idiorrítmico que quer aprender essa ocupação e praticá-la, de duas uma, ou vai se esforçar e se enganar, ou vai mostrar-se negligente e não fará progresso algum em toda sua vida.





Acrescentarei isso, eu mesmo, fundado em minha pequena experiência: Quando de dia e de noite, estás sentado em silêncio, orando a Deus com insistência, sem pensamentos, humildemente; quando teu espírito está cansado de gritar e o corpo está dolorido, quando o coração não sente nenhum calor, nem alegria, na invocação de Jesus sustentada com energia – de Jesus, que consegue para os combatentes resolução e paciência – então levanta-te, salmodia sozinho ou com teu companheiro (…) Como diz Basílio: ‘Deve-se variar diariamente os salmos para estimular a resolução, para que o espírito não se aborreça de repetir sempre os mesmos salmos; dando-lhe uma certa liberdade, a resolução só pode melhorar’ (…)

Com a ajuda da oração, despreza qualquer representação sensível ou intelectual que brote do teu coração; a quietude (hesíquia) é o despojamento provisório dos pensamentos que não vêm do Espírito, para não deixar a melhor parte, prendendo-se à bondade desses pensamento”

Gregório, o Sinaíta
A Pequena Filocalia – O Livro Clássico da Igreja Oriental 

https://caeluminterram.wordpress.com/referencias/pequena-filocalia-o-livro-classico-da-igreja-oriental/gregorio-o-sinaita-hesicasmo-e-a-obediencia-da-humildade/




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