Multiverso ou livro selado? - parte 4
Outra questão que se levanta é que num dos modelos de multiverso nossas escolhas nos transportariam entre entre universos, pois num a história segue de um modo e noutro segue de outro.
Sob um ponto de vista materialista isto já é bastante incoerente, porque resulta que existiriam vários versões da mesma história pelo qual a consciência passaria. Então que consciência? Se minha consciência passa a outro universo depois de um escolha o que fica no outro eu que ficou no mesmo universo? E o eu que foi para outro universo seguindo a história da outra escolha? O que sou eu no meio disso? Vou ter consciência de qual história afinal? É simplesmente ridículo, pois isso resultaria numa reprodução da mesma consciência ou do mesmo eu. Então já temos vários eus a muito tempo! E por que não temos consciência, por que essa consciência e memória seguem esse eu se o eu anterior fez as duas escolhas na verdade, e cada uma foi para um universo? Então foram criadas duas consciências uma aqui e outra lá, e as duas tem a memória do eu anterior, mas são dois novos eus e duas novas consciências! Nos tornamos como um nada, sem qualquer importância se acreditarmos nessa hipótese. É como um jogo eletrônico que você escolhe o caminho errado e sem volta e aí prefere morrer para começar da fase anterior de novo, pois sempre há outro eu. Afinal em outro universo sua vida segue.
A outra conclusão a que chegaríamos a partir dessa hipótese é que a consciência está se transportando de história em história (consequentemente de universo em unuverso) onde eus vão seguido outra história em outro universo (mecanicamente? Sem consciência? Se for, podemos estar agora falando com vários eus sem espírito, sem consciência nessa versão de universo). Os inteligentíssimos propositores e defensores dessas hipóteses temem levar suas teses aos resultados delas, fogem de levar às últimas consequências seus argumentos, que só seguem em frente acrescentando novamente um novo "mas e se", como quem constrói qualquer ficção.
Agora vamos levar essa variante ao seu aspecto teológico.
O esperma é um dos exemplos mais usados para o argumento de que a natureza desperdiça sim, ou Deus nesse caso, fabricando o esperma com um número exagerado de espermatozóides, quando apenas um ou dois ou mais, dficilmente, é que vão fecundar um óvulo. Claro que é um argumento fraco, mas vamos considerá-lo por enquanto. Assim da mesma forma Deus teria criado um multiverso que é mais ou menos como um disco rígido de HD ou um cartão de memória, onde haveriam vários caminhos possíveis a serem percorridos, nesse caso universos, onde nossa consciência iria viajando e se cruzando com outras, mas em diferentes universos a partir de nossas escolhas.
Mais uma vez perceba que, ou isso implica que (a) Deus não deu escolha nenhuma, pois obrigatóriamente passaremos em diferentes universos todas as escolhas possíveis, em vários eus, ou que (b) a consciência fica viajando de universo em universo de um eu de história para outro eu com outra história, a partir de cada uma de nossas supostas escolhas. Observe que essa última implicação nos leva a conclusão de que vamos deixando eus vazios em outros universos, logo, aqui tambem podemos estar nos relacionando com muitos eus vazios...
Tudo é simplesmente ridículo nessas hipóteses, mas porque elas tem ganhado cada vez mais fama e popularidade? Veja que todas elas até aqui levam ou a concluir a inexistência de Deus, ou que Deus é um carasco que fará passar por todas as experiências possíveis obrigatoriamente, ou que não é tão perfeito assim, e ainda é um desperdiçador, pois várias possibilidades já criadas na forma de histórias cada uma em um universo não serão sequer jamais conhecidas nem trilhadas ainda por melhores que elas possam ser. Ou uma conclusão ou outra obrigatoriamente teremos a partir dessas hipóteses.
Todas elas ganham fama e viram memes porque nos distraem, nos levam a devaneios e fantasias, e seus propagadores no geral são ateus, estão apressados em encontrar um modelo que exclua a possibilidade de Deus como acreditamos, pois a mais aceita, a de um único universo começado a partir do big-bang leva fatalmente a conclusão da existência de um ser que deu início. Vamos procurar abordar essas coisas em próximas publicações...
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