Multiverso ou Livro Selado? - parte 2

Existem muitos textos e vídeos na internet pretendendo explicar física quântica ou a hipótese do multiverso (apressadamente chamada de teoria por alguns, e que outros assim repetem, sem saber o que significa a palavra teoria em ciência). Mas a grande maioria fala de tudo menos esses temas, e outra grande parte trás informações superficiais misturadas com muitas idéias erradas.

Tratando mais especificamente sobre multiverso, uma animação que mostra várias esferas paralelas representando os supostos "universos paralelos" é muito usada. Existem várias semelhantes. Chega a ser engraçado, mas na verdade tais desenhos só atrapalham a compreensão. O multiverso, os universos paralelos, são simultâneos. Paralelo aqui quer dizer simultâneo, pode ser até mesmo no mesmo exato local. Bem se poderia fazer uma animação que representasse isso. Até mesmo colocando em sequência no tempo, os vários universos surgindo uns depois dos outros. Mas não existirem tais animações na maioria dos vídeos só mostra que seus autores não entenderam a idéia.

Explicando a idéia basica que vai dar suporte a quase todas as hipóteses de multiverso poderíamos resumir em termos simples assim: ao final da expansão o universo contrairia e voltaria ao seu estado primário antes do big-bang; com essa essa contração chegaria a um estado propício a um novo big-bang que geraria um novo universo, e isso se repetiria sempre; a cada fim de contração o tempo deixaria de existir e reiniciaria novamente, portanto todos os universos possíveis estariam presentes aqui agora, por isso são chamados paralelos.

Uma maravilhosa hipótese para muitos. Se não fosse esse último detalhe que mostra seu disparate. Ora, se o tempo deixa de existir se chegou num estado de estabilidade, imobilidade, pois não há tempo, então não há sucessão de eventos, logo nada pode mudar. Então o que faria com que ocorresse uma nova explosão nesta singularidade paralisada? Não há como.

Por um lado essa teoria surge como uma forte tentativa de negar uma causa primária consciente e volitiva. Ou seja, ela nega a necessidade de Deus. A teoria do big-bang normalmente aceita levou vários cientistas a admitirem a existência de Deus, pois numa estabilidade plena, como a da singularidade antes do big-bang, há necessidade de uma causa exterior ou volitiva para provocar a mudança e ou a explosão. Ou seja, a partícula imóvel (pois não há tempo, nesse entendimento) do tamanho minúsculo que contém compactada toda a matéria do universo, não poderia ser a causa do multiverso, pois essa hipótese tem como elemento necessário a anulação do tempo. Nela, mais até que na teoria mais aceita do big-bang, é onde se mostraria mais necessário ainda uma intervenção volitiva, ou seja, uma vontade que alterasse esse estado paralizado. Enfim, essa tentativa de excluir um Deus criador da física mais recente foi um tiro no pé (pois alguns cientistas utilizam a teoria do big-bang justamente para comprovar a existência de Deus, como a teoria mais recente apresenta por volta de 2006, que tratarei na sequência desse tema). Visto que ao invés de anular a necessidade de que haja uma "causa detonadora" a coloca como sine qua non, mais uma vez no centro da discussão sobre a origem do universo. Para nós existe uma causa consciente e com vontade própria que cria inclusive a singularidade, não apenas a detona, que é Deus, mas a ciência já ter demonstrado a necessidade de um criador pelo menos em algum ponto do processo já é um grande avanço em relação ao entendimento anterior. No próximo artigo vamos analizar porque a hipótese de infinitas possibilidades de mutiverso, ou de nossas escolhas dentro dele, é impossível e sem lógica.

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